Excellence in highly complex cases.

THE OFFICE

After providing important services to Brazilian society, as Secretary of State, Prosecutor and Attorney General, and Senator of the Republic, Demóstenes Torres decided to dedicate himself to law.

Thus, in 2019, he founded the law firm that bears his name, with the aim of providing a specific and personalized service in highly complex cases.

The sheer number of problems that DT Advogados faces requires in-depth theoretical knowledge and extensive practical experience. To address them, Demóstenes Torres Advogados relies on a select team of professionals prepared to analyze each legal case they handle with the necessary care and attention.

The members combine academic rigor with the experience gained from the firm's numerous courtroom achievements, through a process of drafting briefs and opinions aimed at finding individualized and specific solutions to each client's problems, distancing themselves from the mass legal production. All theses are crafted in a handcrafted manner, through a thorough examination of the case law and doctrine applicable to each case.

In this unique scenario, the firm's scope of practice is broad and based on the constitutional interpretation of law, with the premises of preserving fundamental rights and guarantees, private autonomy and, in general, citizenship rights, thus offering excellent solutions in highly complex matters.

EQUIPE

Demóstenes Torres

Founding partner

Flávia
Torres

Founding partner

Márcio
Lobão

Partner

Thiago
Agelune

Partner

Ronald
Bicca

Partner

Caio
Alcântara

Partner

Nemuel
Kessler

Partner

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The Demóstenes Torres Law Firm operates in a concentrated and comprehensive manner in the Federal Supreme Court, Superior Courts, Courts of Justice and Federal Regional Courts.

Access content

PUBLICATIONS

Professor e constitucionalista moldou instituições, influenciou políticas públicas e marcou a história jurídica do país.

Um de meus orgulhos de ter sido secretário de Segurança Pública e Justiça é que fui colega de José Afonso da Silva. Eu em Goiás, ele em São Paulo. A alegria durou pouco. Logo no início de 1999, ele deixou o cargo –e por motivos que multiplicaram a minha admiração.

Nossas bandeiras eram iguais, mas lá as bandas podres triunfaram: “Não fiz uma só concessão para político nem jornalista. Combati a corrupção. Tudo isso tem um preço”. Preço altíssimo, paguei aqui e ele, com juros, lá.

A imprensa mundo-cão não lhe dava trégua. Foi sabotado pelas polícias, que desejava unificar, o que também tentei e não consegui. Morreu na 3ª feira (25.nov.2025), aos 100 anos —lendário até na longevidade, pois, se somado, tudo o que construiu são realizações para 3 séculos.

Sou seu fã desde o século passado. Precisamente, desde o lançamento do curso de direito constitucional positivo, prestes a completar 50 anos. Em 1979, já acadêmico, assisti à sua palestra sobre o tema na Pontifícia Universidade Católica, em Goiânia.

De lá para cá, sua criação é minha companhia constante, assim como de todos com interesse na área. Com ele estudei na graduação, em pós e para os concursos públicos, tanto como concorrente quanto como aplicador de provas, nos certames que presidi quando procurador-geral de Justiça.

Só voltei a rever o professor José Afonso no Congresso, na fase em que ele era o magistral auxiliar do líder do PMDB na Constituinte, Mário Covas.

Contei aqui que, jovem promotor de justiça no Nordeste goiano, ao passar pelo Distrito Federal não deixava de acompanhar a Constituinte. Ali, para o bem desta nação, era de José Afonso a voz que ecoava.

Muito do que torna o Brasil imitado em outras democracias surgiu de sua inteligência e criatividade. À maioria pode parecer que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) está aí desde sempre, que foi transferido do Rio de Janeiro para Brasília. Não. O STJ é uma criação de José Afonso da Silva, assim como o habeas data.

Como alguém poderia ter invenções tão grandiosas a ponto de uma virar remédio constitucional e outra ser a Corte da Cidadania? Pois é, ele teve —essas e outras dezenas nesse patamar.

Nos anos 2000, eu no Senado dependi de sua experiência e sabedoria. Ele não faltava. De vez em quando, o imitava. É de sua autoria, junto a uma biblioteca de clássicos, o Manual do Vereador, que ajudou a formar os políticos mais próximos das ruas.

Depois de rodar bastantes câmaras municipais, constatei que era imprescindível distribuir em massa exemplares da obra de José Afonso. Na escassez de recursos suficientes, que me perdoe o ídolo, escrevi uma versão de sua obra e usei a cota de publicações do Senado para aprimorar os parlamentares locais.

Aliás, ele tem crédito com todos os integrantes dos Três Poderes, do oficial de justiça aos magistrados, do fiscal de trânsito ao ministro. Afinal, sem buscar sua doutrina ninguém alcançaria nota suficiente para aprovação ou nível para ocupar responsabilidades.

Deveria ser difundido em escala, talvez com seletas de Direito Constitucional em linguagem acessível para compor o projeto de livros didáticos do Ministério da Educação. Até porque ele é um ótimo exemplo a ser seguido em termos de ascensão pelo preparo.

Quando migrou do interior de Minas Gerais para São Paulo, tinha 22 anos e mal sabia ler. Cinco anos depois, graças aos próprios esforços, cursava direito na maior instituição de ensino superior do país, onde atingiu os mais elevados postos de professor.

Contada assim, de supetão, a biografia perde o impacto que deve continuar causando. À época, era impossível sair da roça até para a sala de aula da vizinhança, imagine para a livre-docência na USP.

Em Pompéu (MG), onde nasceu, poderia ser garimpeiro ou lavrador. Foi ambos, trabalhou na lavoura e “cavucando” em busca de minério. Na capital paulista, enquanto se esforçava no supletivo ou nas ciências jurídicas, tinha de se manter. Para isso, aprendeu a fazer e consertar roupas, ofício de que tirava o ganha-pão.

Portanto, o Brasil foi melhor nos últimos 100 anos também por ter contado com José Afonso da Silva. Particularmente, eu e minha mulher, Flávia, nos consideramos da família, pois em nossos corações reside o casal Virgínia Afonso de Oliveira Morais da Rocha e desembargador federal Eduardo Morais da Rocha. Além de prima, a também advogada e professora universitária Virgínia era a principal divulgadora de José Afonso, de sua produção intelectual às qualidades como ser humano. Ela se derramava em elogios como agora derrama lágrimas antevendo a saudade.

Somos uma nação de parentes de Virgínia, pois quem não tem na estante um livro de seu primo é no mínimo beneficiário de alguma conquista da sociedade advinda de suas ideias incluídas na Constituição.

Com seu jeito de cantar e de tocar bem característicos, Macalé virou a saudade que sentia de Caetano durante o exílio.

Não duvido de jeito nenhum que Jards Macalé, pouco antes de morrer na 2ª feira (17.nov.2025), tenha acordado de uma cirurgia cantando “Meu nome é Gal”. Notícia oficial, séria. Era o que esperaria dele, o que esperaria que acontecesse com ele, que continuasse a despertar “com toda a energia e bom humor que sempre teve”.

Fico imaginando-o a se livrar de fios, em meio a máquinas e médicos, soltando a voz com os versos de Roberto e Erasmo Carlos, citados como ele na récita de Gal Costa. O que lhe restasse de voz resgatada dos pulmões atingidos pelo enfisema letal.

Em Nova York, agora em declínio, com as famosas ruas tomadas pelos dependentes químicos, salvam-se os bares cujos espetáculos são estrelados por Macalés cantando em inglês, como vi o próprio tantas vezes e tantas vezes melhor.

Ao saber de sua passagem, me ecoou na mente sua interpretação maravilhosa de “Blue suede shoes”, canção consagrada nas vozes de Carl Perkins e Elvis Presley, nessa sequência.

Relembro um show em São Paulo, ele, o violão e os versos de Perkins — sem os sapatos de camurça azul, usados por Perkins na poesia e por Elvis em público. Foi há cerca de 10 anos. Vão ecoar por mais uns 100.

Millenials, X, Y, Z, Alpha, “analfas” e outras gerações da era da tela não alcançaram o nível de seus antepassados, alguns deles ainda parte do presente. Dois que se despediram na 1ª quinzena de novembro, Gal (em 2022) e Jards (em 2025) se entrelaçaram na arte.

Ele colocou no repertório dela algumas de suas belíssimas pérolas — logo Gal, que de qualquer cascalho expelia joia. Lamenta-se que esse pessoal esteja indo sem deixar substituto, mas é injusto exigir da atual juventude que um rapaz de 28 anos (Caetano Veloso) se exile, chame os amigos para gravar um álbum (“Transa”) e o diretor musical da mesma idade (Jards) produza para uma vocalista de 25 (Gal) se consagrar como monumento à cultura. Deus já fez o milagre uma vez, porém, não seria exagero pedir bis.

O hino daqueles ‘1970s, “Vapor barato”, também é de Jards, com o poeta Waly Salomão, para o diamante sonoro Gal. Sem o calçado de camurça azul, aparece de calças vermelhas, casaco de general, cheio de anéis.

No poder, os generais de casaco incomodaram a turma, que se vingava aos poucos: “Transa”, o disco histórico, é uma resposta ao pedido do regime para que Caetano, que havia voltado ao Brasil a passeio, gravasse na Inglaterra algo em comemoração à Transamazônica. O nome do LP não foi até o fim – nem a rodovia, até hoje inconclusa. Como diz o título de sua biografia, “Eu só faço o que quero”, ninguém o convencia e Macalé atravessou o oceano para trabalhar no “Transa” por saudades de Caetano. Amizade e cumplicidade, mais que rimas pobres, são os preciosos sinônimos do convencimento.

Em “Mal secreto”, também com Salomão para Gal, foi capaz desses versos:

“Quando você vai embora
Movo meu rosto no espelho
Minha alma chora”.

Além dos projetos nos quais transbordava sua criatividade, Macalé protagonizou episódios à derradeira vista engraçados – na 1ª, não devem ter sido. Numa excursão nacional ao lado de Moreira da Silva, foi pego em flagrante fumando maconha. A ida à delegacia rendeu a bem-humorada “Tire os óculos e recolhe o homem”, em que cita Kid Morengueira, com quem se acudiu ao chegarem os policiais,

“Uns 10 ou 20, espadaúdos
Homens que davam a impressão
De terreno de 10 de frente
Por 24 de fundos”.

Os talentos nascidos durante a 2ª Guerra estão deixando a cena depois de muitas batalhas e antes da renovação da tropa. Com seu jeito de cantar e de tocar bem característicos, Macalé virou a saudade que sentia de Caetano, que resiste no front junto com a irmã Maria Bethânia.

Aliás, é outra diferença indiscutível: o professor de violão de Bethânia foi Jards, que aprendeu a tocar o instrumento com Turíbio Santos. Ah, foi aluno de piano de Guerra Peixe e de análise musical de Esther Scliar, tendo como colegas de aula Egberto Gismonti, Luiz Eça, Milton Nascimento, Paulinho da Viola e Paulo Moura.

Para se ter ideia do tamanho da perda de 2ª feira, vá ao Google conferir a representatividade artística desses nomes. E aproveite para digitar Jards Macalé no YouTube e ouvi-lo nas parcerias com esses imortais todos, os vivos e os que estão na memória dos tímpanos.

Aprecie sem moderação igualmente “Contrastes”, de Ismael Silva, que Macalé tornou popular. Ali, estão os versos que resumem o início desta semana: “Existe muita tristeza/ Na rua da alegria”. É o paradoxo, ambas duram pouco e ao mesmo tempo não acabam.

Conferência expõe mais uma vez o uso político de grandes eventos, com altos custos públicos e baixos resultados ambientais.

Belém é belíssima e o Pará, desde meados do século 20, repete o sucesso que foi de Minas Gerais na época da colonização, com minérios valiosos abastecendo diversos continentes. Até para retribuir o que fizeram e fazem pelo Brasil, a cidade e o Estado merecem reconhecimento internacional, tentado de forma atabalhoada pelo governo com a 30ª Conferência das Partes.

Desde dezembro de 2023, divulga-se que seria ali a COP30, mais um dos enfadonhos encontros anuais de representantes, no caso, das nações que assinaram a Convenção da ONU sobre a Mudança do Clima. Quase 2 anos depois, removidos os tapumes, expôs-se o fiasco.

A grandiloquência advinda do nada criou a expectativa de 120 chefes de governo, apareceram 3,8 vezes menos na abertura. Viriam delegações oficiais de 190 países, chegaram 60 a menos, confiando-se nos números dos organizadores, porque não tem auditor ali checando se são 93, 113, 123 ou não sei quantas.

Dos líderes de potências que realmente contam, nenhum compareceu, nem os Estados Unidos do novo amigo Donald Trump, nem a China do velho camarada Xi Jinping. O turismo explodiria com 200 mil visitantes internacionais e, mesmo com a barafunda dos dados, não se contabiliza sequer ¼.

Por falar em quarto, hospedagem foi anunciada como problema tão sério que o casal anfitrião teve de se recolher no iate de um empresário amigo – alguns dizem que do alheio. Por essas e muitas, em vez de as manchetes mundiais se concentrarem nos debates sobre quantos graus o planeta vai ficar mais quente ou mais frio até a COP3030, a imprensa global noticia os R$ 30 da coxinha, o motel de última hora catapultado a hotel e as pocilgas disfarçadas de 5 estrelas. Belém não merece tal fama.

A cegueira provocada pela militância empedernida impõe à cidade as costas nas cordas à espera do beijo na lona. À revelia da população local, os companheiros federais querem esconder mendigo, morador de rua, dependente químico, craqueiro e outros seres perigosos que vitimam os traficantes faccionados.

Ladrões entram no Louvre durante o dia, mas o presidente da França não poderia ver no Umarizal um rapaz roubando um celular para beber uma cervejinha ou tomar um açaí. Los Angeles, Tóquio e Nova York exibem seus invisíveis aos olhos espantados dos transeuntes, contudo, o governo brasileiro quer fazer crer que as ruas dos trópicos se assemelham a hall de shopping center de marcas chiques.

As gestões do PT são eficientes nos bastidores para atrair eventos de porte gigantesco, como os esportivos, os culturais e esses de viés político, afinal, quem banca as despesas é o distinto pagador de impostos. A gente até torce para darem certo, todavia são um fracasso seguido de outro e assim por diante, retrocesso após retrocesso.

O interregno pós-Copa de 1950 acabou nos governos da esquerda e não acaba mais, toda hora tem farra em alguma paragem e tome excursão e diária e gasto. Os Jogos Pan-Americanos das diferentes modalidades, de imensas contas em comparação com os resultados, só não têm pior fama porque a Copa do Mundo de futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 deixaram pouco espaço para qualquer outra decepção – e os desfalques acontecem do apito inicial aos acréscimos do 2º tempo da prorrogação. Eis o retrato da COP30 esculpida em carrara, o dito popular revisitado pelo politicamente correto.

Quiseram tornar a sede da conferência em uma cidade instagramável, investiram em novas atrações para tirar selfie, praças para transmissão ao vivo no YouTube, enfim, 8 bilhões de terráqueos e sabe-se lá quantos ETs ligados o tempo inteiro no que os indígenas vão dizer numa palestra em língua nativa. Mesmo monetizado ao extremo, o evento é uma negação em audiência.

Por menos dinheiro e mais eficácia, poderiam trazer cientistas que realmente entendem de mudanças climáticas. Reunidos em diálogos de alto nível, trocariam experiências e alargariam as fronteiras do conhecimento. Evitaria-se a Flop30 e se impediriam, já no nascedouro, os escândalos inerentes à grandiloquência com verba pública.

Os estádios da Copa 2014 e as instalações das Olimpíadas 2016 não foram submetidos ao escrutínio de especialistas em corrupção, funcionários dos órgãos de controle, como os Ministérios Públicos e o Tribunal de Contas da União, além de comissões do Congresso Nacional. Ainda está em tempo, pois sem-vergonhice com o erário não prescreve.

Oremos para que Deus nos premie com uma geração interessada nos superfaturamentos com o Mané Garrincha, em Brasília, e as Arenas Pantanal, em Cuiabá, e da Amazônia, em Manaus, junto com as carcomidas construções do “legado olímpico” no Rio de Janeiro. Em seguida, uma auditoria na COP30 de Belém 2025. É uma tarefa para Ele, com E maiúsculo, e ninguém de cérebro minúsculo e caráter menor ainda.

Ao término do show de inutilidades, a linda cidade da maior manifestação cristã do planeta, o Círio de Nazaré, pode não ter contribuído à causa ambiental, no que estará empatada com suas antecessoras – o que houve até agora se resume a mídia, inclusive os famosos ECO 92 (no Rio) e Acordo de Paris (COP 21).

Belém e o Pará têm culpa exatamente de nada. Os preços de comida e hospedagem seriam objeto de disputa em qualquer lugar. Idem com político aproveitador tentando imagens para usar na reeleição 2026. Esse modelo de evento é que já deu o que tinha de dar – e só deu prejuízo. Se todos os recursos financeiros e humanos usados na promoção de COPs fossem empregados em tecnologia para evitar hecatombes, geladas e quentes, haveria menos farra e mais esperança.

Depois que esses militantes deixarem a cidade, reserve sua passagem, hotel e restaurantes e vá passear na belíssima Belém. Sem os fanfarrões, o clima ali estará bem melhor.

A operação devolve a circulação, enfrenta o domínio territorial e alivia o estigma que pesa sobre as comunidades.

“Da janela lateral do quarto de dormir” o morador dos complexos do Alemão e da Penha pode até ver uma das muitas igrejas, porém é difícil “um sinal de glória”, conforme a poesia de Lô Borges, que morreu na noite do último domingo (2.nov.2025). Ouço-o sempre, agora como um desagravo ao que se passa no Rio de Janeiro.

No aparelho, os versos de Lô e Fernando Brant competem com os sons do vídeo gravado pela câmera da farda de um dos 2.500 policiais que entraram no morro para cumprir 100 mandados de prisão e 180 de busca e apreensão. Voltaram de lá não com só 1 sinal, mas carregados de glória.

Os Miltons e os Lôs com seus sons e seus dons geniais nos salvaram das trevas compondo o “Clube da Esquina” em Niterói. Bons tempos, que mudaram. Pra pior. Do outro lado da bela e banguela Baía de Guanabara, o que nos salva das trevas e tudo mais é a conduta humanitária do governador fluminense Cláudio Castro.

Ao menos temporariamente, milhões de cariocas estão livres do medo imposto pelas facções, das sequelas psicológicas e do estigma de que favelas só têm criminosos. Aliás, veio das comunidades o maior “sim” à operação: aprovada por cerca de 90% de seus habitantes, afinal, são eles os reféns, os extorquidos, os vizinhos das barricadas, que impedem a circulação até de ambulâncias.

No final da operação Contenção havia, somados os 4 policiais que heroicamente tombaram, 121 mortos –17.000 a menos que Castro da esquerda fuzilou nos pelotões cubanos.

O muro branco do Bope se tingiu de cores mórbidas emanadas de homens sórdidos e um velho sinal: como o Brasil chegou a isso? Em vez de pássaro, voavam balas e drones atiradores de granadas, quase nada para a máfia que fabrica os próprios fuzis, fora os que traz via Paraguai.

Entre os feridos, os suspeitos foram os menos penalizados: de 19, são 13 policiais, 4 moradores do bem e 2 bandidos. Não houve “cavaleiro marginal lavado em ribeirão” na Serra da Misericórdia, mas para a foto dos corpos estendidos no chão tiraram-lhe as roupas de combate.

Dos 400 integrantes do Comando Vermelho nos 2 complexos, foram apreendidas 122 armas municiadas, 96 delas fuzis, 25 pistolas, 1 revólver, além de 260 carregadores, 5.600 balas e 12 bombas. Para dar ideia do poder de fogo dos bandidos, são números de um batalhão do Exército Brasileiro. Tamanho arsenal não inclui o que estava com os que livraram-se soltos.

A cidade mais linda do mundo sofre com facções no domínio territorial, termo propagado pelo sociólogo Rodrigo Pimentel, o Capitão Nascimento que escreveu “Elite da Tropa”, de onde saíram os filmes “Tropa de Elite”.

Os traficantes não vendem só drogas e armas, incluíram no mix de produtos e serviços também segurança, autorização para mototáxi, gás R$ 50 mais caro, gelo, carvão, terrenos e apartamentos. Em cálculo modesto, 4 milhões de cariocas moram em locais alheios ao Estado –aí entendido o poder público, como no artigo 144 da Constituição de 1988, não a unidade da federação. E o que diz o trecho da Carta Magna? “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”. Não é o Estado do Rio de Janeiro, de São Paulo, Goiás ou qualquer outro dos 23.

Depois do Marechal Rondon, o brasileiro que mais integra o país é Doca, poderoso chefão do Comando Vermelho nos 2 lados da Misericórdia: anfitrião de comparsas do país inteiro (54% dos mortos eram de fora do Rio). Vazaram notícias da operação e alguns mafiosos fugiram. Entre os que ficaram, 117 morreram atirando nas polícias, outros assassinaram e feriram agentes da lei, 113 restaram presos e 10 apreendidos, pois menor de idade é tratado pela lei como coisa. Se as forças de segurança tivessem ido aos complexos só para matar, por que levaram 123 às delegacias para preencher papelada?

A verdade é que a ação, além de humanitária, foi legal. O Ministério Público pediu, a Justiça mandou e os policiais (lembre-se: com câmeras na farda) estavam cumprindo ordens. “Ah, a lista de nomes que estão nos mandados não é a mesma do rol de mortos e presos…” Nem sempre são encontrados na 1ª tentativa, o que amplia o direito de as forças realizarem imediatamente novas fases da operação, necessárias para a garantia da lei e da ordem.

O governo em Brasília poderia ao menos empregar as Forças Armadas em ações de GLO amparado no artigo 142 da Constituição, já que se nega a investir dinheiro na prevenção ao crime e impediu a Polícia Federal de cumprir o seu dever.

Um dos efeitos foi que o presidente teve uma recaída e voltou a tratar bandidos como “vítimas da sociedade”, aqueles coitadinhos que aparecem em filmagem do Comando Vermelho mergulhando moças em banheira de gelo, arrastando infelizes em autos pelas ruas e fulminando desafetos aos borbotões.

Os legistas identificaram 119 mortos, faltam 2. E houve mais duas vítimas fatais, as frases “Bandido bom é bandido morto” e essa aí, “Criminoso é vítima da sociedade”. Lorotas assim tomaram tiros de fuzil e chuvas de granadas de drones do bom senso.

A Contenção mostrou o caminho e é hora de percorrê-lo. Como Pimentel conta, “no governo Dilma, o Exército ocupou o Alemão por 19 meses e foi um sucesso total: 19 meses sem homicídio no Alemão”. O mesmo Lula que num ato falho diz que traficante é vítima de usuário, em 2008 falou que “o tráfico não se combate com pétalas de rosas”.

Para encerrar a competição ideológica, na gestão do Castro da direita mata-se menos do que nos 9 meses de Benedita da Silva em seu governo de esquerda –quando componentes do CV incendiaram ônibus com velhinhos dentro.

Não adianta politizar a situação, adianta encontrar soluções que satisfaçam o povo ordeiro e trabalhador. Está na hora de unir a União, os Estados, os municípios e o Judiciário, que não precisa mudar para os homens de bem. No entanto, é necessário criar um status jurídico muito mais severo para se combater essa monstruosidade.

Asfixiar financeiramente CV e PCC é parte da solução. Ideal mesmo é retomar os espaços, integrar os sistemas de inteligência das polícias, jogar duro contra o terrorismo e ouvir Lô Borges no Clube da Esquina, mensageiro natural de coisas naturais. Mesmo que você não queira acreditar, é normal não dar ao marginal descanso nem dominical.

O autor transformou a dor e a vida boêmia do Rio em músicas que viraram clássicos do samba

Uma brincadeira frequente nos sites culturais e nas redes é sobre qual o melhor início de livro. Nunca sei responder com menos de cinco alternativas, às vezes muitas mais. Quanto à música, não há dúvida: é “A flor e o espinho”, de Nelson Antônio da Silva, Alcides Caminha e Guilherme de Brito:

“Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor.”

Caminha é um grande personagem, sobretudo por ter criado outro: Carlos Zéfiro. Com esse pseudônimo, assinou os “catecismos”, publicações de desenhos eróticos que circularam entre os anos 1950 e 1970. O nome ficou famoso até que, em 1991, se revelou que o autor daquela “pornografia” — inocentes cartilhas se comparadas à permissividade de hoje — era um funcionário do Ministério do Trabalho que temia perder o emprego se assumisse a ousadia.

Brito era poeta e o parceiro mais frequente do aniversariante deste 29 de outubro, que tudo leva a crer ser o autor do começo maravilhoso: Nelson Antônio da Silva, o Nelson Cavaquinho, um policial militar que patrulhava o Rio. Não se tratava de um exemplo de funcionário público: vivia na cadeia do quartel por passar o expediente conversando com a turma (Cartola e Carlos Cachaça, entre outros) em botequins: “Eu ia tantas vezes em cana que já estava até acostumado. Era tranquilo, ficava lá compondo.” Deu asas a cerca de 500 letras, algumas das quais viraram clássicos.

Não existem mais compositores do nível desse trio. Nem o Rio há mais. Nem aquela polícia, com sua liberdade de patrulhar. Imagine o soldado Nelson Cavaquinho em seu cavalo “Vovô” fazendo a ronda nos becos da comunidade, nas encostas de morro… até encontrar aberta a primeira birosca com balcão, copos e garrafas. Se fosse um estabelecimento mais arrumado, talvez duas ou três mesas consignadas por cervejaria — Brahma, como ele gostava.

Lá pelas tantas (e tontas), já não sabia onde estava — nem ele, nem o cavalo. Cadê o Vovô? Deve estar na primeira venda em que o jóquei parou. Não importava: não era o cavaleiro que localizava o animal, mas o contrário, como lembrava Cartola — que, com Dona Zica, era dono do Zicartola, o bar em que Nelson oficiou na outra profissão, não a de militar nem a de pedreiro, mas a de sambista. Ali, com dois dedos, tocava seu instrumento com “um coração poeta e a alma inquieta de um cantor para que vigiasse a madrugada, acordasse o sol e o beija-flor”.

Apesar de tamanha sensibilidade, por arranjos do sogro foi parar na polícia em dois sentidos:

  • virou soldado tendo apenas um ano de estudo e um ano a menos na idade mínima exigida — nasceu em 1911, o pai falsificou a documentação para 1910 para garantir o emprego na Cavalaria;
  • quem celebrou seu casamento foi o delegado, e quem o levou à “igreja” foi o pai da noiva, na marra. Ainda assim, o casamento durou e rendeu quatro filhos.

A malandragem era outra. E a felicidade? Também. Ou inexistia. Como escreveu com Brito: “Tens que sofrer pra ser feliz” e “Mais uma vez / Venho a vocês / Pra confessar que nunca fui feliz”.

Mas, no documentário de Leon Hirszman, “Nelson Cavaquinho” (1969), ele aparece felicíssimo, fumando e bebendo pinga em boteco com a rapaziada — o melhor conjunto de samba de todos os tempos. No paraíso, portanto.

E “música de corno” também era outra. Ouça “Pecado”, uma declaração de amor à traidora: “Vai antes que os outros me apontem / Antes que eu morra de vergonha de te perdoar / Vai, antes que o sol transforme em pedra / O lamaçal que tu trouxeste / Para dentro do meu lar”. É chifre que produz coisa melhor que pente e berrante. Mantendo a rima: “Quem diz não mente: na mão de um fraco sempre morre um valente”, canção que recorda a frase de Noel Rosa ouvida na Mangueira: “O revólver veio para acabar com a valentia.”

Noutro documentário, “Nelson de copo e alma”, Dona Zica relembra uma bronca de Cartola porque Nelson negociara coautoria de uma música. Ele rebateu: “Não, só vendi a minha parte.” Era questão de almoçar e jantar — a fome é péssima compositora, salvo quando vira parceira de alguém como Zé da Fome, ou quando aparece em versos como “Nem todos são amigos”:

“Você tendo vida, saúde e dinheiro
Todos lhe querem muito bem
Mas se você fracassar
Pode ter a certeza
Que ninguém vem lhe procurar
Não conte com amigos
Amigos não são todos
Alguns só sabem lhe chamar para beber
Mas se lhe encontrarem com fome
Fogem de você.”

Nem só de traição e amizade vinha a tristeza que ele transformava em pesquisa acadêmica para geração futura analisar. Havia também a memória de infância: “Aqueles caminhões cheios de cadáveres… Eu digo: ‘Mas aonde irá essa gente?’”. Essa gente foi para seus versos, que parecem melancólicos e se encaixam como moldura dos retratos dos 15 mil caixões de cariocas vítimas da gripe espanhola — pandemia bem mais letal do que a de covid-19, com o dobro de mortos num planeta que, perto de 1920, tinha 3,5 vezes menos habitantes que hoje.

Andaria triste como nunca no Rio de agora, no qual a polícia está impedida de entrar nas favelas (coisa que ele adorou fazer, estando nas duas pontas, polícia e favela) e sons ininteligíveis atravessam o samba. Para começar bem um livro sobre ele, esqueça a tristeza de pestes, amores perdidos ou companheiros fakes: basta lembrar outra frase lindíssima de “A flor e o espinho”:

“Eu só errei quando juntei minh’alma à sua
O sol não pode viver perto da lua.”

Parabéns a quem ouve Nelson Cavaquinho e não se resume a ler início de obras.

Decisão do Ibama sobre exploração expõe contradições entre ideologia ambiental, gestão pública e desenvolvimento real

O anúncio foi um misto de comemoração e ironia: “A Petrobras recebeu hoje (20.out.2025) a licença de operação do Ibama para a perfuração de um poço exploratório no bloco FZA-M-059, localizado em águas profundas do Amapá, a 500 km da foz do rio Amazonas e a 175 km da costa, na Margem Equatorial brasileira”. O desabafo consta do site da empresa, cuja presidente, Magda Chambriard, lembrou que são cinco anos mostrando “a robustez de toda a estrutura de proteção ao meio ambiente que estará disponível”.

Na verdade, são 15 anos de atraso impostos pelo instituto, preocupadíssimo com o que pode se passar “a 500 km da foz do rio Amazonas e a 175 km da costa”, e nenhum olhar para o que a burocracia militante no órgão faz com suas vítimas — 213.421.037 em 1º de julho de 2025, na contagem do IBGE. O governo corta dinheiro da Educação enquanto, segundo a ANP, 30 bilhões de barris esperam ser retirados e vendidos a mais de R$ 330 cada, na cotação da tarde de 21.out.2025.

É dinheiro suficiente para consertar o país, apesar do festival de populismo. As reservas do pré-sal, três vezes maiores que as da Margem, foram queimadas com juros, demagogia, máquina pública inchada e outros exemplos de hecatombe administrativa. O que há ali, nas proximidades da Linha do Equador, é uma nova oportunidade. Todo mundo tem direito a uma segunda chance — inclusive os 213 milhões de vítimas do Ibama.

Imagine aplicar quase R$ 10 trilhões em ciência e tecnologia. Imagine o que as próximas gerações ganhariam com tanta inovação. Imagine universidades como celeiros de Prêmios Nobel de Física e de Medicina — não de militantes. Imagine que antes da metade do século as crianças de hoje ganhem medalhas Fields. Imagine — não é difícil, já cantava John Lennon.

A transição energética inadiável exige que as autoridades, em vez de concentrarem suas energias na reeleição, foquem nos 8,8 milhões de jovens vivendo como párias. Neles deveria estar o planejamento do Ibama. Ou entre os animais a serem preservados não está a espécie humana? Que futuro veem os ambientalistas para um “Israel inteiro” de nem-nem — jovens que nem estudam nem trabalham — e de sem-sem, sem perspectiva e sem motivos para sonhar?

O Ibama e seus “miquinhos amestrados” enrolam para autorizar a exploração do petróleo com a lorota da preservação. Se realmente considerasse a sustentabilidade, inibiria, com investimento, a existência dos milhares de lixões pelo país.

Olhar atento para as multas, vistas grossas para o bicho visto por Manuel Bandeira — aquele que cata comida entre os detritos e engole com voracidade. Esse bicho, meu Deus, comprova que a demagogia é inútil: punem-se prefeituras pelas montanhas de resíduos, premiam-se companheiros faccionados pelos molambos humanos amontoados nas cracolândias.

O desvalor às pessoas é tamanho que o “Ibama do campo”, o MST, ameaça enviar seus filiados para a Venezuela na tentativa de barrar eventual entrada de forças norte-americanas que possam apear do poder o ditador Nicolás Maduro. Em vez de trator, enxada e semente, os líderes terroristas querem ver brasileiros com armas mambembes do chavismo para enfrentar B-52. Não consta que Maduro e João Pedro Stédile, o líder dos sem-terra, irão à frente da infantaria ou para baixo das bombas.

A solução para esses “custos brasis” pode vir da Margem Equatorial. Os R$ 10 trilhões podem financiar ensino médio e superior de qualidade, capazes de atrair o jovem alheio às aulas inúteis. Laboratórios de ponta para os estudantes interessados em pesquisa — tecnologia, biologia, química, física e matemática.

Em vez de perambular na imundície em busca de algo, esses brasileiros poderiam tirar do lixo energia limpa, reutilizar materiais e reciclar inservíveis. Na falta dessas iniciativas, o que fazem Legislativo e Executivo federais? Obrigam os municípios a enfiar a mão leve no bolso do pagador de impostos com a taxa do lixo.

A destruição de gente e ecossistema nas cidades não comove o Ibama. O que o move é a possibilidade de acidente em um poço de petróleo a 500 km da foz do rio Amazonas. Em números: qual a probabilidade de ocorrer? Nenhuma. O pré-sal está acabando e o único desastre foi a aplicação dos trilhões arrancados do fundo do oceano.

Enquanto isso, a grande tragédia do milênio — os males das drogas — se desenvolve sem parar, e a suposta defesa ambiental do instituto esbarra numa pergunta: se o órgão quer proteger o meio ambiente, por que é contra as pessoas terem qualidade de vida, futuro e dignidade?

Se o ribeirinho estiver sem alternativa, vai imitar os indígenas e permitir que madeireiros dizimem a floresta e garimpeiros poluam os rios, além de não ter ânimo para denunciar o PCC e o Comando Vermelho, neodonos da Amazônia. O Ibama poderia ter em cada agricultor, dos mais diferentes tamanhos de propriedade — e até o sem nada — um fiscal do meio ambiente. Prefere, contudo, continuar tratando como saco de pancadas quem planta as riquezas que ele torra nas “carvoarias” chamadas diárias, locação de aeronaves e salários de uma malta inútil.

A indignação dos ambientalistas não é com o fato de existirem moradores de rua — é a Margem Equatorial ser liberada a poucos dias da COP30. Que Stédile volte logo de Caracas e proteja os bichos escrotos que — valha-nos Deus! — saem dos esgotos não tratados e desconhecidos pelo Ibama.

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