Decisão do Ibama sobre exploração expõe contradições entre ideologia ambiental, gestão pública e desenvolvimento real
O anúncio foi um misto de comemoração e ironia: “A Petrobras recebeu hoje (20.out.2025) a licença de operação do Ibama para a perfuração de um poço exploratório no bloco FZA-M-059, localizado em águas profundas do Amapá, a 500 km da foz do rio Amazonas e a 175 km da costa, na Margem Equatorial brasileira”. O desabafo consta do site da empresa, cuja presidente, Magda Chambriard, lembrou que são cinco anos mostrando “a robustez de toda a estrutura de proteção ao meio ambiente que estará disponível”.
Na verdade, são 15 anos de atraso impostos pelo instituto, preocupadíssimo com o que pode se passar “a 500 km da foz do rio Amazonas e a 175 km da costa”, e nenhum olhar para o que a burocracia militante no órgão faz com suas vítimas — 213.421.037 em 1º de julho de 2025, na contagem do IBGE. O governo corta dinheiro da Educação enquanto, segundo a ANP, 30 bilhões de barris esperam ser retirados e vendidos a mais de R$ 330 cada, na cotação da tarde de 21.out.2025.
É dinheiro suficiente para consertar o país, apesar do festival de populismo. As reservas do pré-sal, três vezes maiores que as da Margem, foram queimadas com juros, demagogia, máquina pública inchada e outros exemplos de hecatombe administrativa. O que há ali, nas proximidades da Linha do Equador, é uma nova oportunidade. Todo mundo tem direito a uma segunda chance — inclusive os 213 milhões de vítimas do Ibama.
Imagine aplicar quase R$ 10 trilhões em ciência e tecnologia. Imagine o que as próximas gerações ganhariam com tanta inovação. Imagine universidades como celeiros de Prêmios Nobel de Física e de Medicina — não de militantes. Imagine que antes da metade do século as crianças de hoje ganhem medalhas Fields. Imagine — não é difícil, já cantava John Lennon.
A transição energética inadiável exige que as autoridades, em vez de concentrarem suas energias na reeleição, foquem nos 8,8 milhões de jovens vivendo como párias. Neles deveria estar o planejamento do Ibama. Ou entre os animais a serem preservados não está a espécie humana? Que futuro veem os ambientalistas para um “Israel inteiro” de nem-nem — jovens que nem estudam nem trabalham — e de sem-sem, sem perspectiva e sem motivos para sonhar?
O Ibama e seus “miquinhos amestrados” enrolam para autorizar a exploração do petróleo com a lorota da preservação. Se realmente considerasse a sustentabilidade, inibiria, com investimento, a existência dos milhares de lixões pelo país.
Olhar atento para as multas, vistas grossas para o bicho visto por Manuel Bandeira — aquele que cata comida entre os detritos e engole com voracidade. Esse bicho, meu Deus, comprova que a demagogia é inútil: punem-se prefeituras pelas montanhas de resíduos, premiam-se companheiros faccionados pelos molambos humanos amontoados nas cracolândias.
O desvalor às pessoas é tamanho que o “Ibama do campo”, o MST, ameaça enviar seus filiados para a Venezuela na tentativa de barrar eventual entrada de forças norte-americanas que possam apear do poder o ditador Nicolás Maduro. Em vez de trator, enxada e semente, os líderes terroristas querem ver brasileiros com armas mambembes do chavismo para enfrentar B-52. Não consta que Maduro e João Pedro Stédile, o líder dos sem-terra, irão à frente da infantaria ou para baixo das bombas.
A solução para esses “custos brasis” pode vir da Margem Equatorial. Os R$ 10 trilhões podem financiar ensino médio e superior de qualidade, capazes de atrair o jovem alheio às aulas inúteis. Laboratórios de ponta para os estudantes interessados em pesquisa — tecnologia, biologia, química, física e matemática.
Em vez de perambular na imundície em busca de algo, esses brasileiros poderiam tirar do lixo energia limpa, reutilizar materiais e reciclar inservíveis. Na falta dessas iniciativas, o que fazem Legislativo e Executivo federais? Obrigam os municípios a enfiar a mão leve no bolso do pagador de impostos com a taxa do lixo.
A destruição de gente e ecossistema nas cidades não comove o Ibama. O que o move é a possibilidade de acidente em um poço de petróleo a 500 km da foz do rio Amazonas. Em números: qual a probabilidade de ocorrer? Nenhuma. O pré-sal está acabando e o único desastre foi a aplicação dos trilhões arrancados do fundo do oceano.
Enquanto isso, a grande tragédia do milênio — os males das drogas — se desenvolve sem parar, e a suposta defesa ambiental do instituto esbarra numa pergunta: se o órgão quer proteger o meio ambiente, por que é contra as pessoas terem qualidade de vida, futuro e dignidade?
Se o ribeirinho estiver sem alternativa, vai imitar os indígenas e permitir que madeireiros dizimem a floresta e garimpeiros poluam os rios, além de não ter ânimo para denunciar o PCC e o Comando Vermelho, neodonos da Amazônia. O Ibama poderia ter em cada agricultor, dos mais diferentes tamanhos de propriedade — e até o sem nada — um fiscal do meio ambiente. Prefere, contudo, continuar tratando como saco de pancadas quem planta as riquezas que ele torra nas “carvoarias” chamadas diárias, locação de aeronaves e salários de uma malta inútil.
A indignação dos ambientalistas não é com o fato de existirem moradores de rua — é a Margem Equatorial ser liberada a poucos dias da COP30. Que Stédile volte logo de Caracas e proteja os bichos escrotos que — valha-nos Deus! — saem dos esgotos não tratados e desconhecidos pelo Ibama.